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11 janeiro 2023

Em 74 dias, Bolsa acumula perda de R$ 389 bi com incerteza na economia


 Desde a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições até 9 de janeiro, o valor de mercado das empresas cotadas na B3 diminuiu em R$ 389,1 bilhões, uma queda de 8,9% em relação ao valor registrado em 28 de outubro, data do último pregão antes do pleito, segundo dados da TradeMap, uma empresa de informações financeiras. Só as estatais listadas na B3 perderam R$ 118,46 bilhões, uma queda de 18,1%. O maior baque foi na Petrobras, cujas ações registraram uma queda de 25,3% no período, com uma perda de R$ 113,4 bilhões em sua capitalização.

É certo que, na Bolsa, as cotações oscilam, para cima e para baixo, o tempo todo. A queda no valor de mercado das empresas, por exemplo, chegou a superar os R$ 650 bilhões em meados de dezembro, mas desde então a perda diminuiu bastante. Amanhã ou depois, se os sinais emitidos de Brasília mudarem, é possível que ela seja totalmente revertida – ou não.

Ainda assim, o resultado acumulado até agora revela a apreensão dos investidores com os rumos da política econômica no governo Lula. “Toda vez que a Bolsa cai muito é porque há menos confiança no futuro. Os investidores estão prevendo que a economia vai sofrer mais à frente” afirma Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC e chairman da Jive Investments.

“Quando acabou a eleição, a nossa expectativa era de que o índice Bovespa (que reflete a alta média das ações mais negociadas na B3) passasse dos 120 mil pontos, mas o que a gente está vendo é que ele está indo para 100 mil pontos, porque o nível de incerteza, em vez de diminuir, aumentou”, diz Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro e economista-chefe do banco BTG Pactual.

Apesar dos desmentidos oficiais, há dúvidas sobre a adoção de um “revogaço” das medidas de liberalização econômica implementadas nos últimos anos, como as reformas trabalhista e da Previdência e os marcos regulatórios do saneamento e das ferrovias. Afinal, as afirmações feitas neste sentido partiram dos próprios ministros de Lula e refletem, em boa medida, o discurso do presidente na campanha eleitoral e as ideias do PT e de partidos que o apoiam. Há dúvidas também sobre uma maior interferência política nas estatais e o uso dos bancos públicos para expansão excessiva do crédito, com impacto negativo na dívida pública.

O caso Petrobras

O caso Petrobras é emblemático. Embora o senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado para presidir a companhia, tenha afirmado que a Petrobras não vai interferir nos preços dos combustíveis, muitos investidores temem, entre outras questões, o efeito que eventuais mudanças no plano estratégico da empresa, com a suspensão da venda de suas refinarias e a realização de investimentos em áreas que não têm relação direta com a exploração de petróleo, possam ter em seu balanço. Temem, também, uma guinada radical na política de distribuição de dividendos que prejudique os acionistas privados e a própria União, que detém 28,7% do capital votante e 50,3% do capital total da companhia.

“O valor atual das empresas cotadas em Bolsa está incrivelmente baixo. As ações estão sendo negociadas por um valor que representa uma perspectiva quase catastrófica para a economia brasileira. E não é um fenômeno isolado, mas que atinge a grande maioria das empresas de quase todos os setores”, diz o economista Adriano Pitoli, responsável pela gestão do fundo de govtech da gestora de recursos KPTL. “Para mim, não existe nenhum indicador mais evidente do tamanho da incerteza dos investidores em relação ao futuro no momento. Não só os grandes investidores, mas qualquer pessoa com um mínimo de poupança que aplique seu dinheiro na Bolsa.”

Quando as cotações caem nos pregões, o ímpeto pelo lançamento de novas ações diminui, tanto por parte das empresas que já têm papéis negociados na Bolsa como pelas que ainda planejam abrir o capital. Isso afeta os investimentos na expansão dos negócios e acaba por abafar também o crescimento da economia, a geração de novos empregos e o consumo.

“A Bolsa é uma das formas de captação de poupança para financiar investimento”, diz o economista Samuel Pessôa, chefe de pesquisa econômica do Julius Baer Family Office. “O investimento, que chegou a beirar 20% do PIB (Produto Interno Bruto), dificilmente vai continuar nesse nível. Investimento e consumo pressupõem uma certa segurança em relação ao futuro – e isso diminuiu, em vez de aumentar, com as primeiras ações do novo governo na economia”, afirma o  ex-diretor do BC, Luiz Fernando Figueiredo.


Números

Empresas listadas na B3

28/10/22: R$ 4.377,36 trilhões

09/01/23: R$ 3.986,99 trilhões

Variação: - R$ 389,06 bilhões (-8,9%)


Estatais

28/10/22: R$ 654,89 bilhões

09/01/23: R$ 536,43 bilhões

Variação – R$ 118,46 bilhões (-18,1%)


Petrobras

28/10/22: R$ 448,74 bilhões

09/01/23: R$ 335,33 bilhões

Variação – R$ 113,41 bilhões (-25,3%)

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